28 de setembro de 2009

A necessidade X a vontade

Interessante como a ordem dos fatores, em muitos casos, altera o produto.
De fato, numa idade muito tenra, fui exposta a um argumento irrefutável por uma inspiradíssima professora numa atividade de redação. Era necessário se organizar a escrita partindo de um tema proposto ou acordado e depois, somente depois de escrito o texto, é que se criaria o título - já sabendo do que se tratava a história.
Sempre me pareceu justo.
Nem apertado, nem largo...
Ok!
Posto isso fico numa situação de incerteza já que minha postagem se iniciou com o título da mesma. Coloco-o aqui para, no final, conferir se continuou o mesmo: "A necessidade X a vontade."
Tendo feito esse esclarecimento - além de praticar a excessão à regra da minha professora que também afirmava que em algumas situações sabia-se exatamente sobre o que se queria escrever e portanto o título podia aparecer desde o começo no alto da página, desde que à lápis!
Dessa forma flexibilizo minha posição no sentido de me permitir usar do espaço do título para criar um tema que pode conservar a função de tema e desaparecer ou evoluir de status para título, mantido e alinhado com a história.
Isso é escrever muito sobre um pouco de tema/título mutantes ou não...
Agora sobre a necessidade.
Recentemente estive na Ásia Central numa espécie de peregrinação espiritual.
Uma parte dessa história é sobre comida.
Três filmes cujo tema é esse marcaram a minha vida: "A festa de Babette", "Comer, beber, viver" e "Como água para chocolate". Todos os três falam, num certo sentido, de um papel menos óbvio da comida, do prazer, do carinho, das relações humanas que se desenvolvem frente a uma refeição. Falam também da fome e da fome de outras iguarias, de outro tipo de nutrição que vai além das vitaminas e sais minerais.
Nessa viajem tivemos algumas restrições de comida.
O cardápio era, invariavelmente, o mesmo: salada de pepino com tomate (temperados com sal e páprica - não, não há azeite nem vinagre!), macarrão cabelinho-de-anjo de arroz com muito coentro, pão (delícia!), sopa de legumes com ou sem carne (de carneiro) e carne (de carneiro). Essa foi a nossa refeição básica em 80% do tempo.
Algumas vezes rolava um kebab (que conhecemos como kafta no Brasil) feito com outra carne que não de carneiro.
Outras vezes aparecia um Pilau ou Pilaf como eles diziam - que é arroz com carneiro, bem forte de gosto e um pouco engordurado...
Os vegetarianos sofreram um pouco mais...
Porém o sofrimento foi muito mais psicológico do que qualquer outra coisa.
Aprendemos a comer aquela comida, a saboreá-la. Claro que enjoamos um pouco da previsibilidade e, nesses momentos, sempre surgiu uma pizza inesperada ou outro prato ocidental.
E voltamos.
Felizes, robustos, alimentados de tantas formas!
Aos meus amigos de caminhada beijos e abraços e saudades,
T

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